Saturday, February 12, 2011

just a perfect day...

"... feed animals in the zoo... and later a movie too, and then home..." - assim se ouvia numa música cantada a muitas vozes já nos refúgios da memória.

Não foi bem assim que aconteceu... porém perfeito.

Um dia em que estar só não implicou solidão, como por vezes acontece. Antes um bem estar em saber que posso, devo passar tempo comigo, sem depender de outros tempos, quereres e desejos. Somente os meus, e andar à deriva, em paz.

Um sol de inverno esplêndido a chamar todos para a rua. No regaço um catálogo do tudo que é possível fazer e apreciar, um "all-you-can-eat" para a alma.

Uma mudança de perspectiva... A cadeia da relação, que imperava como paisagem de serenatas sentidas e lágrimas incontidas, de guitarras silvando os ares contrastando com o som seco e solene das capas, ora envolvendo os recém chegados, ora a rasgarem-se já de saudades, de gratidão, de cumplicidade.
Hoje, uma nova visão. A descoberta do Centro Português de Fotografia. Exposições plenas de deleite e vistas com o tempo que apeteceu gastar. Nem mais... nem menos...
A primeira exposição de fotojornalismo português, retratando muita da nossa realidade e identidade nacional. A emoção de encontrar locais e pessoas nossas nos rostos e horizontes alheios. O poder das imagens, somente. E, a cada nova sala, o fascínio de descobrir um edifício simplesmente soberbo, um local pleno de luz e beleza e espaço, onde outrora se privavam tantos da liberdade que hoje transmite. Planos sobrepostos, escadarias imponentes, salas tão altas que julgar-se-ia nunca respirarmos o mesmo ar duas vezes, por mais tempo que se permaneça. Alvo, robusto, elegantemente austero. A vista um supremo deleite, também pela impressão de ser um segredo aquilo que se descobre, se somos só nós a olhar naquele instante. Casas e vidas à distância de meros metros - a gente real que se move nas ruelas e varandinhas estreitas de grades rectas. O casario estendido, a cascata sanjoanina cantada em madrugadas tantas.

Saio já com fome, e com o sol a retirar-se, pondo fim ao plano "esplanada+livro". Não interessa. Vaguear e encher os olhos de beleza será sempre um plano.

Mais tarde, encontrar quem sempre nos quererá, dar largas ao que se quer ser, planear e fracassar de novo... sem problema. Amanhã...

Em jeito de remate, rostos sorridentes de quem já se tinha saudade, e a estranha sensação de se ser alguém.

Encontrar momentos e imagens e pessoas que nos façam felizes. O supremo sentido? Talvez...

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