"Quando todos vão dormir
é mais fácil desistir,
Quando a noite está a chegar
É difícil não chorar.
Eu não quero ser
a luz que já não sou
(...)
Eu não quero ser
As lágrimas que vês"
O que é que fazemos quando já não sabemos bem quem somos? Quando aquilo que nos parecia caracterizar tão bem no passado agora já não se adequa, e não há bons adjectivos que descrevam o presente?
Constantes tentativas de ficar à tona, com a estranha sensação de que não se faz a mínima ideia do que se está a fazer. Improvisa-se...
Até há algum tempo atrás eu era uma pessoa alegre. Digo alegre porque a alegria, tal como li num livro (e me parece bem), é diferente de estar contente ou de felicidade. Contentamento é uma reflexão mais ou menos racional do que se está a sentir, está-se contente com alguma coisa. A felicidade é um objectivo, um momento em que tudo bate certo, e, apesar de sempre perseguida, transitória. Em pulsos.
A alegria é irracional... é não ter razão nenhuma. Um estado de alma. É um optimismo natural face ao mundo, é um risório a contrair face ao horizonte só para gastar ATP's. É rir quando vemos um bichinho engraçado ou quando pensamos na nossa música favorita e a rádio começa a tocá-la. Ok, estou a dar razões. Mas não são razões razões. São as "pequenas coisas".
Como eu dizia, eu era uma pessoa alegre. Naturalmente, sem pensar nem projectar nem ter intenção. Era porque sim, e não pensava muito nisso. Só sabia que gostava.
Agora... agora acho que não. Muito aconteceu, muito se estragou que dificilmente se remedeia. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, é certo, mas era UHT do melhor, biológico e vindo do comércio justo das vaquinhas do Sri Lanka...
Agora reina a instabilidade, o parecer estar sempre na eminência de me desconchavar em emoções. E isso nota-se. Eu sei que se nota... Não acho que aqueles que conheço me olhem da mesma forma. Vêem-me tal como me sinto - frágil.
Sinto-me frágil.
E não gosto. Quem é frágil não inspira. Só inspira cuidado.
Precisava parar. Já parei tanto tempo... mas nunca para olhar para dentro com olhos de ver. Só para me perder em mil emoções novas e me esquecer do que há para resolver. E é bom, é certo.
Mas... tempo? Quem o tem? Todos à minha volta correm para uma meta que está traçada há muito. A mim faltam-me as pernas. Não por estar cansada. Não porque não quero chegar. Não sei porque me faltam... nunca faltaram antes.
O que é que se faz quando tememos estar a tornar-nos exactamente no que não queremos? Quando já basta de oferecermos as mesmas desculpas vezes e vezes sem conta a nós próprios, quando a auto-comiseração - que tanto detestamos e atacamos vezes sem conta - começa a desenhar-se em nós?
É difícil quebrar vícios de pensamento. Quando falo com os outros, devolvem-me as minhas ideias. Não são os outros que me vão mudar, de qualquer forma. Sou eu. Sei o que tenho de fazer. Só não sei como me sentir bem com isso.
Para onde foi a versão 2.0 de mim que há uns meses se desenhava?
Quando é que consigo começar a ser a pessoa que quero ser?
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